
Grupo de Ação Revolucionária Antifascista

Comunicado sobre as agressões de grupos neonazis pelo país, no dia 10 de junho
jun 11
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Como noticiado em vários jornais e nas redes sociais do Grupo de Ação Revolucionária Antifascista, o dia 10 de junho foi marcado por várias agressões em todo o país, conduzidas por elementos e grupos neonazis.
O ator Adérito Lopes no Teatro Cinearte em Lisboa, foi agredido por um grupo de 30 indivíduos dos quais alguns foram identificados como sendo membros do grupo terrorista de extrema-direita “Blood and Honour” (O mesmo grupo que constava do parágrafo do RASI 2025 retirado pela polícia e o Governo do PSD na sua versão final e pública) e o João Martins, neonazi conhecido por ser um dos autores do assassinato de Alcindo Monteiro no Bairro Alto.
O Samuel P. e o seu amigo ator, foram vítimas de uma agressão homofóbica em Santarém. Segundo reportou na sua conta do instagram ao irem para casa, cruzaram-se com um grupo de 15 pessoas com não mais de 18 anos, que os insultaram repetidamente.
Victor L., agredido simplesmente por vestir uma t-shirt LGBT, mostrando o seu apoio à causa. Foi insultado, roubaram-lhe o dinheiro que serviria para pagar a sua renda e foi violentamente agredido com vários socos, enquanto rasgavam a sua t-shirt.
Outros casos de violência foram reportados por todo o território, nas redes sociais ou diretamente para as nossas contas, relembrando um passado muito obscuro onde este dia marcava o dia da selvajaria e das agressões fascistas. O mesmo dia em que Alcindo Monteiro era assassinado por João Martins e outros elementos pertencendo ao grupo do Mário Machado.
Relembramos ainda que, no dia 21 de abril, era noticiado o apagão do parágrafo sobre a Blood and Honour no RASI, por decisão do Grupo Coordenador de Segurança (GCS). O GCS é composto pela SG-SSI, secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SG-SIRP), GNR, PSP, PJ, SIED, SIS, Autoridade Marítima Nacional, Polícia Marítima, Autoridade Nacional da Aviação Civil, Autoridade Aeronáutica Nacional, Serviços Prisionais, Proteção Civil e tinha como convidadas a Ministra da Administração Interna e da Justiça. Todos aprovaram, por uma razão até agora desconhecida, que esta informação seja ocultada à população portuguesa.
Hoje, fica mais difícil ainda justificar as razões pelas quais as autoridades e o Governo quiseram dissimular a atuação deste grupo terrorista em Portugal, pondo em risco a população, mas, também, a atuação da polícia nas últimas manifestações de extrema-direita, na qual antifascistas e antirracistas foram brutalmente agredidos e ameaçados enquanto a polícia protegia os grupos de extrema-direita num claro posicionamento.
Não uma, nem duas, mais sim dezenas de exemplos destes mostram a que ponto a autoridade é, hoje, próxima destes grupos.
Nos últimos anos, temos assistido a um crescimento destes grupos por todo o país, legitimados e normalizados por partidos como o Chega ou o Ergue-te. A total inatividade dos Governos em função, seja na altura da maioria do PS ou do governo sucessivo da AD, permitiram que estes grupos se alastrassem por todo o país, recrutando adolescentes cada vez mais novos para cometerem atos criminosos como estas agressões ou outros atos cometidos pelo grupo 1143 e objeto de notícia ainda na semana passada.
Hoje, qualquer pessoa que não seja um homem branco, cis, cristão e heterosexual de direita pode ser um alvo a abater para estes grupos e está, de facto, em perigo. Ninguém consegue garantir que a população esteja em segurança e possa viver a sua vida normalmente em Portugal. E desengane-se quem pense que a agressão a um ator foi mero acaso. Não foi assim há tanto tempo que queimavam livros no meio da rua.
Por estas razões, o Grupo de Ação Revolucionária vem hoje reafirmar a sua total solidariedade para com as vítimas destas agressões, denunciar a proximidade entre Governo, autoridades e extrema-direita, apelar a que toda a gente tome posição e participe nas diferentes manifestações organizadas este fim de semana, e, também, deixar um aviso.
Face à incompetência em proteger a população e os nossos ativistas, o GARA tem assumido desde a sua fundação um papel central na segurança das ações em que participou, dos seus ativistas e do conjunto de pessoas presentes nas mesmas.
Nunca recuou, seja face às ameaças fascistas ou às ameaças das autoridades, como em Guimarães quando um agente da PSP apontou uma caçadeira à cara de um antifascista que tentava defender o largo onde, legalmente, estavam a se concentrar várias pessoas e coletivos, deixando os provocadores em total impunidade.
Da mesma forma, o GARA continuará a usar de todos os meios necessários, adaptando-se ao nível de ameaça representado por estes grupos e pondo como prioridade a segurança dos seus ativistas e do povo.
Só o povo salva o povo.
Grupo de Ação Revolucionária Antifascista
