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Hoje, há 80 anos, o mundo respirou alívio.

Victory germany surrender

Era o dia 8 de maio de 1945 – uma data que marcou o fim da guerra na Europa. O exército nazi rendia-se incondicionalmente às forças aliadas. A Segunda Guerra Mundial não acabava oficialmente até agosto, com a derrota do Japão, mas naquele oitavo dia de primavera europeia, milhões de pessoas souberam que tinham sobrevivido ao pior pesadelo coletivo da história humana.


Em Lisboa, as ruas encheram-se de gente. Em Londres, multidões dançaram pela cidade. Em Moscovo, os fogos iluminaram o céu negro como estrelas temporárias. Em Paris, recém-libertada, houve lágrimas e abraços. Mas por entre a celebração, havia também luto. Luto pelas cidades em ruínas, pelos campos devastados, pelos corpos desaparecidos nos campos de extermínio, pelos gritos abafados nas câmaras de gás, pelos nomes apagados por um regime que queria dividir o mundo em puros e impuros, dignos e indignos.


A vitória sobre o fascismo foi uma vitória coletiva. Foi conquistada com o sangue de soldados soviéticos que avançaram casa a casa em Berlim; com os bombardeamentos noturnos dos britânicos; com os desembarques de Normandia onde milhares perderam a vida na areia das praias francesas; com os guerrilheiros italianos, os partisans espanhóis, os judeus que resistiram em Varsóvia, os negros, mulheres, homossexuais e ciganos que foram perseguidos, massacrados, e mesmo assim resistiram. Foi uma vitória de todos aqueles que disseram “não” ao ódio organizado, à intolerância institucionalizada, à violência estatal racista.




Mas essa vitória não é apenas história. É um compromisso.


Porque o fascismo não morreu nem com Hitler nem com o seu regime. Continua a aparecer sob novas formas, novas roupas, novas palavras de ordem. Hoje, vemos movimentos que relembram os mesmos discursos: contra os imigrantes, contra as minorias, contra a liberdade de pensamento. Vemos governos que tentam silenciar vozes dissidentes, criminalizar protestos. E também vemos símbolos antigos reaparecerem em campanhas eleitorais, em discursos de ódio nas redes sociais, em marchas neonazis.



No nosso país (historicamente marcado por décadas de ditadura), assistimos ao ressurgimento de grupos que pregam abertamente o ódio racial e a intolerância. Organizações como o Grupo 1143, a Reconquista e outros grupos menores espalham propaganda fascista e nazi nas ruas e na net, usando métodos cada vez mais sofisticados para recrutar jovens e normalizar a violência política. Partidos como o Chega ou o Ergue-te, embora disfarçando o seu conteúdo com uma retórica aparentemente democrática, promovem políticas e discursos que ecoam perigosamente os da extrema-direita dos anos 30. Marcham, concentram-se e organizam-se à luz do dia, sem medo, muitas vezes protegidos por uma falsa neutralidade institucional ou pela indiferença da opinião pública.



Por isso, celebrar o Dia da Vitória não pode ser só lembrar o passado. Tem de ser um lembrete de que a vigilância contra o fascismo nunca termina. Que a memória é uma arma. Que a democracia, a diversidade, a justiça social são valores que precisam de defensores diários — pessoas e coletivos que não hesitem em enfrentar o ódio de frente, que saibam que a luta contra o fascismo não é apenas política, mas profundamente humana. Nós, GARA, mais que nunca, temos estado na linha da frente dessa batalha, denunciando o fascismo, combatendo a desinformação e resistindo à normalização de discursos de extrema-direita.



Hoje, enquanto recordamos aqueles que lutaram e morreram para que o mundo pudesse continuar, fazemos um juramento: nunca mais. Não vamos esquecer. Não vamos calar. E acima de tudo: nunca vamos deixar que isso aconteça outra vez.


Feliz Dia da Vitória! Que cada um de nós seja, hoje e sempre, um guardião da memória e da resistência!

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