Chega de desumanização, a realidade do tráfico humano na península ibérica
- Unity Raven
- 5 de ago.
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Em Portugal, o tráfico humano e a exploração agrícola são uma realidade sombria, que desumaniza e escraviza milhares de pessoas. As notícias recentes, de 2023 a 2025, revelam um padrão de crueldade e ganância que se estende por várias regiões e nacionalidades.

A Polícia Judiciária (PJ), em colaboração com outras forças de segurança, tem desmantelado redes criminosas complexas, mas o fenómeno persiste. Em dezembro de 2023, o jornal Expresso noticiou a acusação de uma rede que operava em Cuba, no Alentejo. Em cinco anos, esta organização lucrou mais de 7,7 milhões de Euros com o trabalho de milhares de imigrantes timorenses, romenos, moldavos, indianos, ucranianos, paquistaneses e senegaleses. As vítimas viviam em condições desumanas, sob ameaças e fome, sendo tratadas como meros objetos, referidos nos registos dos criminosos como "negrii".
Em novembro de 2023, o Observador e o Diário de Notícias noticiaram uma megaoperação no Baixo Alentejo, que resultou na detenção de 28 pessoas. Pelo menos uma centena de imigrantes, de várias nacionalidades, foi encontrada em regime de semiescravidão. Viviam em condições de extrema insalubridade, com uma única casa de banho para 20 pessoas. Prometiam-lhes salários entre 800€ e 1000€, mas só recebiam entre 100€ e 250€, enquanto o restante era retido para cobrir despesas de alojamento e alimentação. Em agosto de 2025, o Diário de Notícias informou que uma juíza pronunciou a rede por vários crimes, embora tenha retirado a acusação de tráfico de pessoas. A PJ reconhece que este crime, pela sua elevada rentabilidade, será difícil de erradicar.

O problema não se limita a Portugal. Em 2025, a SIC Notícias divulgou a detenção de seis pessoas de uma rede que traficava portugueses vulneráveis para Espanha, onde eram explorados em trabalhos agrícolas. As vítimas, com idades entre os 25 e os 58 anos, viviam em condições deploráveis. Duas delas foram sequestradas em Portugal sob ameaça de arma de fogo.
A crueldade do tráfico humano atinge um nível ainda mais chocante quando se trata de crianças. Segundo uma notícia de 2025 no Portal da Ordem dos Advogados, crianças romenas eram compradas aos familiares por apenas 100€ e forçadas a mendigar nas ruas de Portugal. Muitas destas crianças eram também violadas. Em seis anos, mais de 2.200 vítimas de tráfico foram sinalizadas em Portugal, principalmente homens na agricultura, mas as crianças não são esquecidas pelos criminosos.
Face a este cenário, surgem questões prementes. Se o Chega propõe a deportação de imigrantes, qual seria a sua solução para estas crianças romenas, que foram trazidas para Portugal contra a sua vontade para serem exploradas e violadas? Serão elas, as vítimas mais frágeis, também alvo de deportação?
É evidente que Portugal precisa de mão-de-obra, mas se a imigração legal e controlada for dificultada, o vazio será inevitavelmente preenchido pelo tráfico humano, que opera na sombra. Será que as pessoas que votam no Chega têm o mínimo de valores humanos e de empatia para com quem sofre, ou a ideologia se sobrepõe à compaixão?
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