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Do Passado ao Presente: Entrevista ao coletivo Eng. Vidal Pinheiro

  • Foto do escritor: Red Shosanna
    Red Shosanna
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de jul.

Alexandre Vidal Pinheiro é lembrado como uma figura importante na resistência antifascista em Portugal, e o seu legado é frequentemente ofuscado pela censura. José Pedro Reis, historiador, descreve Vidal Pinheiro como uma pessoa com convicções fortes que se opôs ao regime, o que resultou na escassez de registros

 sobre a sua vida.


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Nascido no Porto, a 10 de junho de 1903, numa família com recursos e envolvida no desporto, recebeu educação militar e formou-se como engenheiro. No entanto, após a Revolução de 28 de maio de 1926, ele recusou um convite do regime para estudar em Altos Estudos Militares, o que resultou na sua prisão e exílio, primeiro nos Açores e depois em Cabo Verde. Após dois anos, ele voltou aos Açores e participou de uma revolta que levou à sua expulsão do exército. Por suas ações políticas, ficou privado das suas posses e da carreira de engenheiro.

Na década de 1930, Vidal Pinheiro envolveu-se mais ativamente com o SC Salgueiros, cedendo terrenos para a construção de um estádio. O clube, que tinha raízes operárias, prosperou sob a sua liderança e rivalizou com clubes como o FC Porto. Ele foi fundamental para o ecletismo do clube, apoiando diversas modalidades desportivas. Embora não haja registros precisos sobre o seu tempo como presidente, ele participou de comissões administrativas e foi reconhecido como presidente em pelo menos uma entrevista.

Em 1949, Vidal Pinheiro organizou um comício no estádio do Salgueiros para apoiar a oposição nas eleições presidenciais, o que fez do clube um símbolo da resistência contra a ditadura. Esse evento provocou a raiva do regime, que, em resposta, proibiu comícios políticos em estádios. O clube sofreu retaliações, como a retirada de apoio do governo, resultado da ousadia de Vidal Pinheiro. Ele faleceu em setembro de 1950, aos 47 anos, e foi eleito presidente honorário do Salgueiros.

O Estádio Vidal Pinheiro tornou-se um marco do futebol português nas décadas de 80 e 90, mas atualmente o local é uma estação de metro, embora a história e o legado de Vidal Pinheiro continuem vivos na memória do clube.


Foto do Estádio Vidal Pinheiro em 2017
Foto do Estádio Vidal Pinheiro em 2017

Gostaríamos que nos falassem um pouco sobre a história do surgimento do Coletivo Eng. Vidal Pinheiro: em que ano surgiu, por que motivo surgiu, etc.? 

R:O Coletivo Eng. Vidal Pinheiro foi formado em 2012, uma ala mais politizada e de pessoal mais consciente do que representa o SCS na sociedade portuense e na luta pela democracia exteriorizou o grupo, tornando-o autónomo do resto da claque existente, que sempre defendeu uma existência apolítica.


Qual ou quais as claque(s), a nível nacional ou internacional, mantêm ligação ou amizade?

R:Amizade, com os amigos de sempre Fúria Azul, Belenenses.

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Por outro lado, há alguma claque com a qual já tiveram conflitos? Se sim, qual?

R:De preferência seguimos o lema Futebol e Cerveja, estamos lá para ver o nosso clube no campo e fora das 4 linhas beber umas cervejas e curtir o dia.


Qual ou quais claque(s) internacionais tem como referência/admiram e porquê?

R:Claques que se revejam nos nossos valores, seguimos mais as do Lecce, por ligações de amizades. 


Qual é a vossa opinião sobre o facto de muitas pessoas dizerem que o futebol não se deve misturar com política e que as claques devem ser 'despolitizadas'?

R:Num clube como o Salgueiros, que foi fundado por operários de uma fábrica a quem se juntaram os trabalhadores do comércio portuense, que patrocinou um comício anti-regime e que teve um presidente com histórico de luta contra o fascismo, não podemos ser despolitizados a política faz parte do nosso adn.

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Quais os maiores desafios/entraves que encontram como adeptos quando vão aos jogos apoiar o Salgueiros?

R:A hipocrisia de quem governa, que quer etilizar o futebol e roubar o mesmo ao povo.

“Criado pelos pobres, Roubado pelos ricos”.


Como se imaginam nos próximos 10 anos?

R:A curtir a vida como temos feito até hoje…


Como veem a situação atual do clube e quais são as expetativas para esta nova temporada?

R: A nível desportivo, não estamos onde queríamos. Embora queiramos chegar ao nosso lugar, tem de ser de forma estruturada, porque não queremos voltar ao fundo do poço. Para a nova temporada, as expetativas são sempre as mesmas: a subida.


Muito obrigada ao coletivo pela entrevista e por cederem algumas fotografias.

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