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O Lucro por Trás das Chamas: Quem ganha com os Incêndios em Portugal

  • Foto do escritor: Unity Raven
    Unity Raven
  • 31 de jul.
  • 2 min de leitura

Apesar do rasto de destruição e prejuízo, os incêndios em Portugal geram lucros significativos para diversas atividades económicas e intervenientes. As empresas de combate a incêndios estão no topo, faturando milhares de euros por hora de voo de helicópteros como os Kamov (entre €30.000 e €35.000/hora). Os bombeiros também recebem compensações por horas extras, embora esses valores sejam irrisórios face aos custos dos meios aéreos. A indústria da madeira lucra com a compra de madeira queimada a preços mais baixos, dada a excessiva oferta que surge após os incêndios. As seguradoras veem um aumento na venda de apólices contra incêndios, e as empresas de recuperação e reflorestação são beneficiadas na reconstrução das áreas afetadas.


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A indústria da celulose, com empresas como a Navigator e a Altri, também podem lucrar indiretamente. Embora sofram perdas de eucaliptais, conseguem reduzir custos ao aceder a madeira queimada mais barata e a biomassa para energia. Além disso, podem receber subsídios e apoios governamentais para reflorestar, frequentemente com eucaliptos. Estas empresas possuem até os seus próprios agrupamentos de prevenção e combate a incêndios, como a AFOCELCA.


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Cartel dos Meios Aéreos e Ligações Políticas

No entanto, o lucro gerado por algumas destas atividades tem levantado suspeitas de práticas ilícitas. Na Operação Torre de Controlo, foram constituídos12 arguidos por suspeitas de associação criminosa, corrupção, fraude fiscal, burla qualificada, abuso de poder e tráfico de influência num alegado cartel na contratação de meios aéreos.

Um dos principais arguidos é João Bravo, fundador e presidente da Helibravo e da Sodarca. A sua ligação ao partido Chega é notável: João Bravo é um conhecido financiador do partido, tendo feito donativos e organizado jantares de apoio. A investigação da PJ aponta para uma complicidade entre a Helibravo e outras empresas, como Heliportugal, HTA, Gesticorp e Gestifly, para manipular concursos públicos, inflacionando valores e forçando ajustes diretos com o Estado.


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As empresas Gesticorp e Gestifly, também sob investigação, são detidas por Ricardo Machado, cunhado de António Leitão Amaro, Ministro da Presidência do Conselho de Ministros. Embora Leitão Amaro não seja considerado suspeito pela PJ e tenha pedido escusa em decisões relacionadas com a adjudicação de meios aéreos, o caso realça a complexidade das ligações.

Adicionalmente, algumas empresas de aviação de combate a incêndios condenadas em Espanha, com proibição de operar naquele país, têm contratos com Portugal que somam 175 milhões de euros desde 2019, levantando questões sobre a transparência e controlo nos processos de contratação.

Apesar das críticas da Liga dos Bombeiros sobre a falta de meios aéreos pesados da Proteção Civil, o Secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, garante que dois dos cinco helicópteros em falta começarão a operar em breve.


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Em resumo, enquanto os incêndios são uma tragédia para Portugal, geram um ciclo de lucros para empresas e intervenientes que fornecem serviços de combate, gerem a madeira queimada, atuam na reflorestação, e até para seguradoras, havendo fortes suspeitas de práticas de cartelização e ligações políticas que levantam preocupações sobre a integridade dos processos de contratação pública.



Fontes:


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