Onda de violência racista e xenófoba em Torre Pacheco
- Red Shosanna
- 14 de jul.
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Atualizado: 20 de jul.
No dia 11 de julho, em Torre Pacheco, Múrcia, foi convocada uma manifestação pela Câmara em apoio a um idoso alegadamente agredido por um jovem marroquino. No seguimento do ocorrido, grupos radicais capitalizaram a situação e começaram a incriminar toda a comunidade imigrante, organizando "caçadas" para "fazer justiça".

Em apenas 72 horas, a cidade enfrentou uma crise de ódio e desinformação, desencadeando três noites de tumultos, com grupos de outras cidades agindo violentamente no bairro de San Antonio, onde vivem muitas famílias migrantes, lançando pedras, foguetes e gritando palavras de ódio.
Mariola Guevara, delegada do Governo, anunciou esta segunda-feira que o número de detenções em Torre Pacheco subiu para nove. Destas, duas ocorreram por agressão a um residente e sete estão ligadas a distúrbios, com acusações de crimes de ódio, desordem pública e lesões corporais.
A delegada informou também que foram registadas 30 denúncias, conforme a Lei de Segurança Cidadã, e cerca de 80 pessoas foram identificadas, muitas das quais com historial de violência.
A maior parte dos indivíduos identificados não reside no município. Guevara afirmou que as medidas de segurança continuarão esta semana para prevenir aglomerações e evitar confrontos.

O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, criticou as perseguições a imigrantes por grupos de extrema-direita, ligando-as à retórica do Vox, que associa imigração e criminalidade de forma injustificada.
Marlaska pediu também que as pessoas evitassem canais de notícias que espalham boatos e destacou a desinformação que rodeava esses acontecimentos.
Está em curso uma investigação da Guardia Civil para identificar os responsáveis pelos apelos à "caça ao imigrante" nas plataformas digitais.
Plataformas como "VerificaRTVE" e "Newtral" confirmaram que muitos vídeos que foram usados para justificar a violência são antigos, manipulados ou falsos.

Chat "Deport them now Spain"
Após os distúrbios do último fim de semana, o chat "Deport them now Spain" mantém-se em plena atividade, procurando alargar a sua influência a outras regiões. Um dos participantes expressou a intenção de que, com o regresso à "normalidade" em Torre Pacheco, pequenos grupos se formem em diferentes locais. Outro, por sua vez, destacou a importância de transitar para plataformas mais privadas, a fim de escapar à monitorização.
Neste mesmo grupo pode-se ler uma convocatória para uma 'caçada a imigrantes'" nos dias 15, 16 e 17 de julho, para que patrulhas de bairro encontrem os supostos autores de um ataque ocorrido no domingo e façam justiça.
Se outros marroquinos não ajudarem a identificar os culpados, serão considerados cúmplices e sofrerão as consequências.
Paralelamente, convocaram todas as organizações estatais anti-imigração. Houve membros que proferiram ameaças de atacar estabelecimentos como casas de chá, restaurantes kebab e mesquitas, todos geridos por norte-africanos, sem qualquer consideração pela honestidade dos trabalhadores destes locais.

Mas o grupo 'Deport Them Now Spain' não é o único responsável por essas caçadas a imigrantes. Outros grupos, como a Frente Obrera, a Frente Atlética, a Desokupa ou o Núcleo Nacional, também têm sido mencionados.

O presidente do partido Vox na Região de Murcia, José Ángel Antelo, incentivou os seus apoiantes a irem a Torre Pacheco e compartilhou nas redes sociais uma imagem com os nomes e números de identificação de cinco jovens com traços árabes, de idades entre 24 e 28 anos, supostamente envolvidos na agressão a um idoso – um ato grave de violação de privacidade e incitação à violência, ao ódio, ao racismo e à xenofobia.
Fontes: elpais e euronews
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